Não sei se já alguma vez vos aconteceu mas sempre que tiro a roupa seca do estendal aparece-me um bicho verde. Têm uma forma oval, são maiores que um tremoço e mais pequenos que uma azeitona - daquelas inchadas à pressão -, têm asas e alguns pares de perninhas muito fininhas, são de um verde alface e cheiram a... verde (não consigo definir muito bem o odor do bicharoco).
Eles têm predilecção por meias (deve ser um fetiche) e os nossos encontros imediatos acontecem sempre ao estilo do jogo da venda: olhos tapados, metes a mão no saco e tocas numa coisa repugnante que a tua mente não consegue interpretar e corre-te um arrepio pela espinha acima.
No início, eles desatavam a voar e parecia um autêntico jogo de basebol na minha cozinha: eu de chinelo na mão a tentar acertar "na bola" e talvez conseguir fazer um home run (desculpa lá, Joana: eu sei que prezas muito essa bicharada mas, para mim, a natureza é sempre fora de casa, excepto a gata e o papagaio).
Mas dado isto suceder com bastante (demasiada) frequência decidi que tinha que mudar a minha atitude para uma mais ecológica e também mais humana. Assim, e num gesto de completo altruísmo decidi acolhê-lo (todos concordaram) com a condição de, caso tenha vontade de "libertar" o seu perfume, vá à casa de banho!
Agora que já o vejo com outros olhos, descobri que até temos coisas em comum - somos ambos do Sporting - e posso dizer que afinal os bichos verdes são nossos amigos!
Já repararam bem no antes e no despois? Vê-se perfeitamente que no estendal da roupa ele era um bicho infeliz. Assim que se mudou para cá sentiu um à-vontade tão grande como se esta tivesse sido sempre a sua casa. E já nem pede para comer ou beber: vai e serve-se!
P.S.1 - O nosso amigo já tem nome. Chama-se Bicho Verde.
P.S.2 - Isto é o que acontecerá caso receba meias no Natal.
P.S.3 - Se quiser ver as suas meias de Natal convertidas em belos animais de estimação contacte-me aqui.
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